quinta-feira, 1 de outubro de 2009
domingo, 27 de setembro de 2009
Roteiro

(Cortina fechada).
(Abre a cortina).
Na rua, Pedro Bala e Boa-Vida conversam....
Boa-Vida: Pedro, na casa da graça tem um monte de coisa de ouro de fazer medo.
Pedro Bala: Então mais tarde nós vamos lá.
Boa-Vida: Combinado!
Mais tarde....
Boa-vida cospe entre os dentes.
Boa-Vida: E dizer que nesse mundo só mora dois velhos,hein?!
Pedro Bala: Toca batuta...
Maria José, a empregada, sai para o jardim.
Pedro Bala e Boa-Vida percebem quadros na parede, estatuetas sobre a mesa.
Pedro Bala ri.
Pedro Bala: Se o Professor visse isso ficava doidinho...Nunca vi tanto pegadio com livros e pintura.
Boa-Vida: Ele vai fazer uma pintura como eu, desse tamanho...
Boa-Vida mostra o tamanho com as mãos.
Pedro Bala assovia para a empregada.
Maria José colhe flores, mostrando os seios em seu decote.
Boa-Vida: Que montanha, Bala...
Pedro Bala: Cala a boca!
Maria José: O que vocês querem?
Pedro bala tira o boné.
Pedro Bala: Podia dar uma caneca de água à gente, por favor? O sol tá encalistrando...
Sorria limpando com o boné a testa.
Boa-Vida fuma uma ponta de cigarro com o pé em cima da grade do jardim.
Maria José: Tira a pata daí de cima!
Sorrir para Pedro Bala.
Maria José: Trago a água já.
Maria josé entra na casa e volta com dois copos de água.
Bebem a água.
Pedro Bala: Muito obrigada- e baixinho- lindeza.
Maria José: Frangote atrevido!
Saíram.
Pedro Bala: Aquela tá no papo...
Boa-Vida: Também com essa cabeleira de mulher, toda cheia de cachos...
Pedro Bala riu.
Pedro Bala: Deixa de inveja, mulato pachola.
Boa-Vida desvia a conversa.
Boa-Vida: E o ourame?
Pedro Bala: É trabalho pro Sem-Pernas...amanhã ele dá um jeito de embocar na casa e passar uns dias morando. Depois que souber onde fica o troço a gente vem, uns cinco ou seis, tira o ourame...
Olharam novamente para a casa e Pedro Bala assena com a mão para a empregada.
Boa-Vida: Oh peste de sorte, nunca vi...
(Fecha a cortina)
(Abre a cortina)
No dia seguinte...
Sem-Pernas apareceu em frente a casa e tocou a campanhia duas vezes.
Uma senhora apareceu...
Ester: Que é, meu filho?
Sem-Pernas: Dona, eu sou um pobre orfão...
Ester: Pode dizer, meu filho - olhava os farrapos do Sem-Pernas - Diga!
Sem-Pernas: Não tenho pai e faz poucos dias que minha mãe morreu. Não tenho ninguém no mundo, faz dois dias que não como e nem durmo direito.
Ester: De que morreu sua mãe?
Sem-Pernas: Deu febre forte nela, e bateu a caçuleta em cinco dias. Me deixou só no mundo. A senhora não tá precisando de um menino pra fazer compras, ajudar no dever de casa? Se quisesse me metia com esses meninos ladrão, com o tal de Capitães da Areia. Mas quero é trabalhar, tou com fome...
Enquanto ele falava, Dona Ester lembrava de seu filho que havia morrido.
Ester: Entre meu filho. Deixe estar, que vou arranjar um trabalho para você.
Ester põe a mão na cabeça de Sem-Pernas e diz para a criada:
Ester: Maria José, prepare o quarto para esse menino. Mostre o banheiro a ele, de um roupão, e depois a comida.
Maria José: Antes de botar o almoço na mesa, Dona Ester?
Ester: Sim, faz dois dias que ele não come, pobrezinho...
Sem-Pernas seca o rosto, onde escorrrem as lágrimas fingidas.
Ester: Não chore - acaricia o rosto da criança - Meu filho.
Sem-Pernas: A senhora é tão boa, Deus lhe paga...
Ester: Como se chama?
Sem-Pernas: Augusto.
Ester: Meu filho também se chamava Augusto...Morreu quando tinha seu tamanho. Mas entre, vá se lavar pra comer.
Sem-Pernas vai banhar. Dona Ester se senta e levanta levando consigo um roupão de banho.
Sem-pernas veste o roupão.
Raul chega...
A empregada leva Sem-Pernas para o quarto.
Raul: Passe...
Ester: Sente meu filho, não tenha medo não...
Sem-Pernas senta na ponta do sofá, enquanto Raul estuda. Começa a contar a mesma história inventada pela manhã. O advogado se levanta, primeiro beija a testa e depois os lábios de Dona ester. Sem-Pernas abaixa os olhos. Raul põe a mão no seu ombro e diz:
Raul: Você não passará mais fome. Você gosta de cinema?
Sem-Pernas: Gosto, sim senhor.
Raul se despede.
(Fecha a cortina)
(Abre a cortina)
No dia seguinte...
Sem-Pernas chora.
Ester: Está chorando meu filho?
Sem-Pernas: Não senhora, não estou chorando não.
Ester: Não minta, meu filho...Está lembrando da sua mãe?
Encosta seu seio maternal em Sem-Pernas.
Ester: Agora você tem outra mãezinha que lhe quer bem e fará tudo para substituir a que você perdeu...Não chore, sua mãezinha fica triste.
Sem-Pernas chorava muito, ao pensar que ia abandonar e, mas que isso, a ia roubar.
Sem-Pernas: a senhora é muito boazinha..Nunca vou esquecer...
Saiu e não voltou.
Foi para o tarpiche. Enquanto dormia, Pedro-Bala foi com um grupo para a casa e roubaram tudo.
Chegam ao trapiche...
Pedro-Bala: Amanhã Gonzales dá uma dinheirama por isso.
mostrando os objetos valiosos.
Todos foram dormir.
(Fecha a cortina)
(abre a cortina)
No dia seguinte...
Professor: Sem-Pernas! Sem-Pernas! Isto aquí é com tú!
Mostra a notícia a ele.
Professor: Ainda não descobriram o furto....
Sem-Pernas faz que sim com a cabeça.
Pedro-Bala: Tua família tá te procurando, Sem-Pernas. Tua mamãe tá te procurando pra dar de mamar a tú...
Sem-Pernas vai para cima de Pedro-Bala com um punhal, mas os outros os separam.
Pedro-Bala sai amendontrado.
Sem-Pernas vai para seu canto com olhar de ódio para todos.
Professor: São capazes de não descobrir nunca o roubo, Sem-Pernas. Nunca vão saber de você...Não se importe, não.
Sem-Pernas: Quando Doutor Raul chegar vão saber...
Rebentou-se em soluços.
Lá fora o vento corria sobre a areia e seu ruído era como uma queixa.
(Fecha a cortina).
Fim!!!!!!!
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